37% do setor opera atualmente com prejuízo. Novo aumento de custos deverá ser repassado imediatamente ao consumidor
A partir desta sexta-feira, 1º de outubro, passam a valer os aumentos no preço da cerveja anunciados pela Ambev. Para a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a expectativa é que o reajuste acompanhe a inflação acumulada nos últimos 12 meses e chegue a até 10%.
O setor de bares e restaurantes, um dos mais duramente atingidos pela pandemia, começa a mostrar sinais de recuperação, mas ainda tem parcela significativa operando no prejuízo: 37% em média.
De acordo com o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, haverá diferença entre os estados. “Acreditamos que São Paulo deve seguir a inflação, mas nos outros estados, esse aumento ficará entre 6% e 8%. No Rio de Janeiro, por exemplo, nossa expectativa é que fique em torno de 7%”.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel/PE), André Araújo, o reajuste anunciado pela cervejaria, embora compreensível em função da alta nos insumos e do dólar, não é desejável e nem bem recebido e que as demais cervejarias devem aumentar também o seu produto.
“O aumento do preço da cervejaria Ambev vem atrelado além da alta dos insumos, do dólar, mas também com a própria inflação. Isso deverá ser seguido pelas demais cervejarias porque a líder de mercado dita as regras e abre esse momento onde é justificável, mas se torna muito difícil, porque temos que lidar com outros custos e vem a pesar negativamente. Dificulta em ter o equilíbrio necessário para manter uma operação funcionando”, disse.
Para o presidente da Abrasel-PE, o reajuste proposto pela Ambev vai fazer com que a recuperação do setor possa demorar mais um pouco e que o aumento deverá ser passado para o cliente. “O aumento em qualquer tipo de produto e serviço sempre causa um impacto. O que chama a atenção é o fato desse período incomum de recuperação da atividade dos bares e restaurantes sofrer um aumento significativo diante de um grande símbolo. Vai ter que ser repassado para o consumidor, o comerciante não tem espaço no fluxo de caixa para aguentar aumento sem passar”, declarou André.
Vacinação
O que o setor espera como principal fator para continuar auxiliando na retomada da atividade econômica é o avanço da vacinação contra à Covid-19. “Estamos em recuperação, a vacinação tem ajudado, com isso conseguimos dar um passo significativo, para que se tenha uma janela de oportunidades. Já estamos sentindo isso principalmente no ramo de turismo. A procura por hotéis, festas de fim de ano, férias de janeiro, até mesmo o carnaval, a gente espera que o setor se recupere rapidamente para sair da crise”, destacou Araújo.